Sinopse
Hélène e Jean têm um relacionamento amoroso, embora não estejam noivos para casar. Tal relacionamento admite flertes com outros, desde que a relação deles se mantenha estável e acima de todos. Entretanto, ao tomar conhecimento por uma amiga de que o amor de Jean por ela esfriou, Hélène procura uma forma de fazer com que ele confesse o que realmente está acontecendo. Assim, em seu novo encontro, ela finge que seus sentimentos por ele estão evoluindo para uma simples amizade. Depois que ele vai embora, ela fica arrasada e decide planejar uma cruel vingança.
A jovem Agnès é uma dançarina de cabaré. Seu sonho era o de se transformar numa bailarina clássica, mas os tempos difíceis por que passa não lhe permitem realizá-lo, vendo-se obrigada a dançar em cabarés e a ganhar dinheiro como prostituta, a fim de se sustentar e manter sua mãe dignamente. A pretexto de compaixão, Hélène se oferece para pagar as dívidas da mãe de Agnès, dá um apartamento para viverem, permitindo que a dançarina desista de sua vida noturna.
Em seguida, Hélène engendra uma armadilha para que Jean se apaixone pela jovem mulher. Inicialmente, diz a ele que Agnès e sua mãe possuem um background invejável, o que o deixa tranquilo e super interessado em conhecê-la. O encontro entre os dois se dá no Bois de Boulogne, ocasião em que, crente nas falsas informações de Hélène, Jean nem se preocupa em obter mais informações a respeito da bela jovem.
Agnès suspeita que eles estejam sendo manipulados por Hélène, mas sente-se impotente para escapar da armadilha. Por outro lado, Jean não se deixa levar pelos seus próprios instintos, fazendo com que Agnès termine por concordar em se casar com ele. Hélène a aconselha a não dizer uma única palavra a ele, sobre seu passado, antes que o casamento seja consumado, e insiste para que Jean lhe permita organizar um luxuoso casamento para os dois.
Imediatamente após a cerimônia, Hélène dá as primeiras dicas a Jean de que algo está errado. Agnès, por outro lado, assumindo que Hélène já tivesse exposto a Jean toda a verdade sobre seu passado, sente-se enganada e desmaia. Jean confronta Hélène, que agora revela, triunfantemente, que todos os passos que o levaram ao casamento com Agnès foram por ela minuciosamente arquitetados, bem como, que todos os convidados sabem a verdade.
Cheio de vergonha, espanto e raiva, Jean deixa o local, com a noiva ainda em estado inconsciente. Mais tarde, naquela noite, ele retorna. A mãe de Agnès lhe avisa que o coração da filha é fraco e que ela pode morrer a qualquer instante. Ele entra no aposento em que Agnès se encontra quase inconsciente, sussura que ela tenha esperança de que ele venha a perdoá-la, mas fica clara a impressão de que ele ficará livre em minutos com a morte da jovem. Agnes suspira e dá a impressão de que deixou de respirar. Cheio de amor pra dar, Jean pede-lhe para que seja forte e se agarre à vida. Embora debilitada, ela ouve seu apelo e, com um sorriso fraco, assegura-lhe que viverá.
Comentários
Baseado na estória de Denis Diderot, “Jacques le Fatalista, et son Maître”, e dirigido pelo grande cineasta francês, Robert Bresson, “As Damas do Bois de Boulogne” é um ótimo filme do cinema francês. Lançado em 1945, logo após o término da 2ª Guerra Mundial, sua trama gira em torno de uma socialite que, ao se sentir abandonada por seu amante, executa uma bem planejada vingança contra ele. Trata-se, portanto, de um refinado drama que fala de ciúme e vingança.
Além de realizar um belo trabalho de direção, Bresson foi também responsável pela construção do roteiro, tendo neste caso, recebido a contribuição do também famoso cineasta Jean Cocteau, que escreveu os diálogos adicionais. Na área técnica, chamou-me ainda atenção a deslumbrante fotografia assinada por Philippe Agostini.
No elenco, o grande nome a ser destacado é o da atriz espanhola María Casarès, no papel da socialite Hélène. Embora maravilhosa ao longo de todo o filme, ela atinge o ápice de sua atuação nos minutos finais quando saboreia a vingança de seu personagem. Elina Labourdette, nos seus 26 anos de idade, também se sai muito bem no papel de Agnès.
CAA